terça-feira, 25 de maio de 2010

O Álcool no desporto

Até que ponde achas que influencia?

O álcool é uma substância que actua no sistema nervoso central e que no desporto pode ser usado, em pequenas doses, com os mesmos propósitos que os canabinóides: reduzir o nervosismo, o tremor e a sensibilidade às lesões, aumentando a sensação de relaxamento e auto-confiança.

Mas o consumo de álcool também pode ser prejudicial para o desempenho dos desportistas e perigoso para os adversários, pois esta substância aumenta a agressividade e diminui a concentração, a capacidade visual, os reflexos motores e a coordenação neuromuscular. Por isso, é proibido em competição nas seguintes modalidades: aeronáutica, tiro com arco, automobilismo, karaté, pentatlo moderno, motociclismo e motonáutica. Beber álcool pode ainda reduzir a sensibilidade do atleta ao agravamento de lesões e, em competições realizadas sob temperaturas muito baixas, pode provocar hipotermia: o álcool aumenta a vasodilatação cutânea, provoca a perda de calor e diminui a percepção do frio.

O uso de álcool provoca uma série de efeitos secundários, quer imediatos, quer a longo prazo, listados pelo Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT). O consumo excessivo causa “sonolência, turvação da visão, descoordenação muscular, diminuição da capacidade de reacção, diminuição da capacidade de atenção e compreensão, fadiga muscular, (…) acidez no estômago, vómito, diarreia, baixa da temperatura corporal, sede, dor de cabeça, desidratação, falta de coordenação, lentidão dos reflexos, vertigens e mesmo dupla visão e perda do equilíbrio”. Em caso de intoxicação etílica aguda, o consumidor pode ainda registar “depressão respiratória, coma etílico e eventualmente a morte”. A perda de vida pode ter origem noutra das consequências do consumo excessivo de álcool: os acidentes de viação.

A ressaca também é recheada de reacções negativas. “Entre as doze e as dezasseis horas seguintes à privação da bebida, aparecem: inquietação, nervosismo e ansiedade. Várias horas depois, podem aparecer cãibras musculares, tremores, náuseas, vómitos e grande irritabilidade. A partir do segundo dia de abstinência, nos casos mais graves, surge o denominado ‘delírium tremens’, caracterizado por uma clara desintegração dos conceitos, aparecimento de delírios, alucinações, fortes tremores”, descreve o IDT no seu site.

De acordo com este organismo estatal, o uso crónico de álcool pode provocar “deterioração e atrofia” do cérebro, “anemia, diminuição das defesas imunitárias” no sangue, “alterações cardíacas (miocardite), hepatite ou cirrose, gastrite, úlceras, inflamação e deterioração” do pâncreas, “transtornos na absorção de vitaminas, hidratos e gorduras” nos intestinos, “irritabilidade, insónia, delírios por ciúmes, mania da perseguição”, dependência física e psíquica, “encefalopatias com deterioração psico-orgânica (demência alcoólica) ” e tolerância negativa (pequenas quantidades de etanol chegam para se ficar ébrio). Em mulheres grávidas poder-se-á registar “síndrome alcoólica-fetal, caracterizada por malformações no feto, baixo coeficiente intelectual, etc”.

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"Jogo Sujo" (Reportagem)

Também no futebol o ano de 2009 ficou marcado pela palavra doping, não por algum controlo positivo em particular, mas antes pelas revelações bombásticas do antigo internacional português Fernando Mendes. No livro “Jogo Sujo”, ainda que sem denunciar nomes de personalidades ou clubes, Mendes revela que o consumo de produtos dopantes era prática comum na altura em que jogava futebol. Ao longo das páginas da obra, o ex-futebolista confessa como tudo se processava: “No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através da injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (…) A injecção tinha efeito imediato, enquanto que os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo”.Fernando Mendes denuncia ainda ter tomado “Pervitin,Centramina, Ozotine, cafeína, entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome “e que, apesar de todos os atletas saberem que estavam a consumir doping , nunca viu “um único colega insurgir-se perante esta situação”. No “Jogo Sujo” é ainda mencionado que muitas vezes os produtos eram testados em juniores: “Estava ali para servirem de cobaias e novas dosagens (…) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno”. Fernando Mendes revela também que eram os médicos da própria equipa a sortear os atletas que iriam aos controlos anti-doping. Todavia, as bolas que continham os números dos atletas eram forjadas: as esferas correspondentes aos jogadores que haviam tomado doping eram arrefecidas previamente, para que o clínico as “reconhecesse” e assim, não as seleccionasse.

Fonte: Revista Ciclismo a fundo