terça-feira, 25 de maio de 2010

Anfetaminas

A anfetamina é uma droga social que tem efeito estimulante considerável no desempenho desportivo. É usada em doses elevadas para aumentar a agressividade e a capacidade de explosão. Em doses mais reduzidas, é usada para reduzir a sensação de fadiga e aumentar a concentração em treinos e desportos de resistência. Nas modalidades organizadas em categorias por peso, as anfetaminas podem ser utilizadas para controlar o peso através da redução do apetite.

O consumo de anfetaminas causa efeitos secundários fundamentalmente ao nível do sistema nervoso central e do cérebro, no sistema cardiovascular e no sistema digestivo. No primeiro caso, provoca agitação, hiper-actividade, irritabilidade, agressividade, paranóia, alucinações, vertigens, tonturas, dores de cabeça, dependência, hipersónia (aumento das horas de sono até 25 por cento acima do padrão normal), letargia, tentações suicidas, falhas de memória e ainda descoordenação motora. A anfetamina afecta a dopamina, neurotransmissor fundamental no controlo de movimentos, cognição e temperamento, e pelo menos um estudo científico encontrou provas de que anfetaminas e metanfetaminas provocam reacções inflamatórias no cérebro, o que, em idades avançadas, poderá estimular o desenvolvimento de doenças degenerativas.

Ao nível do sistema cardiovascular, estas substâncias pode originar arritmia, angina, palpitações, alterações na pressão arterial, rubor intenso, taquicardia e colapso cardíaco. No sistema digestivo podem ser registadas dores abdominais, náuseas, vómitos, sede e perda de apetite. Doses demasiado elevadas podem causar insuficiência respiratória, cianoses, distúrbios sexuais, dificuldades em urinar, convulsões e morte, segundo alerta o Instituto da Droga e Toxicodependência.

Durante um esforço físico, o maior risco originado pelas anfetaminas são a insolação e os ataques cardíacos. Estas substâncias começaram a ser produzidas em 1930 e causaram o primeiro grande caso polémico em 1960: o ciclista dinamarquês Knut Jensen sofreu um colapso devido ao uso de uma mistura de anfetaminas, cafeína e vasodilatadores, e acabou por morrer no hospital devido a uma crise cardíaca. Sete anos depois, durante a Volta à França em bicicleta, o britânico Mark Simpson faleceu enquanto tentava subir o mítico Mont Ventoux, porque o uso de anfetaminas lhe reduziu a percepção do cansaço, do calor excessivo e da desidratação que sofrera.

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"Jogo Sujo" (Reportagem)

Também no futebol o ano de 2009 ficou marcado pela palavra doping, não por algum controlo positivo em particular, mas antes pelas revelações bombásticas do antigo internacional português Fernando Mendes. No livro “Jogo Sujo”, ainda que sem denunciar nomes de personalidades ou clubes, Mendes revela que o consumo de produtos dopantes era prática comum na altura em que jogava futebol. Ao longo das páginas da obra, o ex-futebolista confessa como tudo se processava: “No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através da injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (…) A injecção tinha efeito imediato, enquanto que os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo”.Fernando Mendes denuncia ainda ter tomado “Pervitin,Centramina, Ozotine, cafeína, entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome “e que, apesar de todos os atletas saberem que estavam a consumir doping , nunca viu “um único colega insurgir-se perante esta situação”. No “Jogo Sujo” é ainda mencionado que muitas vezes os produtos eram testados em juniores: “Estava ali para servirem de cobaias e novas dosagens (…) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno”. Fernando Mendes revela também que eram os médicos da própria equipa a sortear os atletas que iriam aos controlos anti-doping. Todavia, as bolas que continham os números dos atletas eram forjadas: as esferas correspondentes aos jogadores que haviam tomado doping eram arrefecidas previamente, para que o clínico as “reconhecesse” e assim, não as seleccionasse.

Fonte: Revista Ciclismo a fundo