Uma terapia genética que faz duplicar a força muscular de ratinhos pode vir a ser usada para criar superatletas, alertou um investigador norte-americano. Já há pessoas interessadas em usar este "doping" genético e cientistas a trabalhar para criar formas de o detectar, afirmou Lee Sweeney, da Universidade da Pensilvânia.
Em estudos laboratoriais, verificou-se que nos ratos aos quais foi injectado um vírus, com o gene que comanda a produção de um factor de crescimento chamado IGF-1, os seus músculos cresceram em tamanho e força, numa proporção entre 15 e 30 por cento. Se esses ratinhos fossem submetidos a um programa de treino, a sua força muscular duplicava.
O objectivo desta experiência era desenvolver tratamentos contra doenças musculares. “Mas as coisas que desenvolvemos a pensar em tratar doenças podem vir a ser usadas para melhorar a ‘performance’ atlética”, disse Sweeney, no congresso anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Seattle.
“As mesmas técnicas poderiam ser usadas nos músculos de pessoas normais para os tornar mais fortes e mais capazes de se repararem a si próprios”, comentou Sweeney, citado pela AP.
Esse tratamento também poderia manter os músculos em forma durante mais tempo. Existem análises de sangue e urina para detectar a maior parte das substâncias usadas como “doping”. Mas a detecção do “doping” genético seria muito mais complicado. Apenas através de uma biópsia muscular se poderia detectar a presença de genes modificados num atleta, e esse procedimento é extremamente invasivo.
No entanto, estas formas de terapias genéticas nunca foram testadas em seres humanos, porque não se sabe se seriam seguras — as terapias genéticas que até agora chegaram a ensaios clínicos não deram grandes mostras de funcionar, isto quando não tiveram efeitos secundários catastróficos. Assim sendo, os primeiros ensaios em seres humanos podem realizar-se apenas daqui a muitos anos.
Mas esta investigação já chegou à comunidade desportiva. Por isso, Sweeney diz que metade dos “e-mails” que agora recebe são de atletas ou treinadores pedindo-lhe informações sobre a terapia genética capaz de criar músculos.
Apenas uma biópsia muscular poderia detectar a presença de genes modificados num atleta
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